segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A Casa dos Mil Espelhos


Segundo o folclore japonês, tempos atrás, numa terra muito distante, havia um pequeno lugarejo, onde todos temiam a presença de uma casa considerada mal assombrada, a qual foi intitulada como A Casa dos Mil Espelhos.
Nesse lugarejo viviam dois cãezinhos, sendo que um era alegre, sorridente, simpático e bastante equilibrado, independentemente da situação. O outro, porém, era mal humorado, mal educado, pessimista e capaz de azedar qualquer ambiente ou coração feliz.
Um dia, passando pela rua da tão temida casa, o cãozinho simpático decidiu visitá-la, sem temer mal algum. Ao entrar, saltitando pela porta com seu olhar feliz e abanando o rabinho, teve uma grande surpresa, pois encontrou mil outros cãezinhos igualmente felizes, que estavam lá. Como era de costume, mediante suas atitudes constantes, abriu um enorme sorriso e recebeu mil outros enormes sorrisos em retribuição.
Quando saiu da casa, encontrou com o cãozinho azedo que estava passando por ali, que imediatamente lhe perguntou:

_ Você está maluco em entrar aí? Não sabe que essa é uma casa mal assombrada?
E o cãozinho simpático respondeu:
_ Não! Esta casa não é assim. Lá dentro encontrei centenas de cãezinhos felizes e simpáticos. É um lugar maravilhoso e, sempre que eu puder, voltarei aqui. E partiu... saltitando como sempre.
O cãozinho azedo logo pensou: Ora! Se esse cara de mala velha, que deve ter medo de tudo e de todos não teve medo de entrar aí, eu que sou sério e bravo é que não vou fraquejar.
Escalou lentamente as escadas que davam acesso à enorme porta e, ao entrar, encontrou mil olhares hostis surgirem através dos espelhos. Eram olhares de cães mal humorados, azedos, antipáticos e de destruição da mais singela paz – capazes de derrotar qualquer sorriso, qualquer sonho ou qualquer alegria, por mais simples que fosse.
Imediatamente, carrancudo por excelência, rosnou, mostrando-lhes os dentes. A resposta foi imediata, vendo-se diante de mil rosnados com dentes afiados. Assustou-se profundamente com aquela imagem e saiu correndo, pois nem ele suportaria tais expressões. Durante a fuga, pensava: Que lugar horrível! Nunca mais volto aqui!
Às vezes, custamos a compreender certas circunstâncias, por mais simples que sejam. É fato de que vemos as coisas ao nosso redor como um reflexo do nosso estado interior. Portanto, crer que as coisas em nossa vida vão bem ou mal, depende principalmente de nós. Em nossa vida, podemos agir tanto como o primeiro cãozinho, quanto o segundo, mas é a nossa liberdade de ação e atitude que vai refletir ao mundo a verdade sobre a nossa alma.
O mundo é como A Casa dos Mil Espelhos, enquanto que o nosso olhar é a janela do nosso coração. Mas onde encontrar os espelhos? Os espelhos estão expressos no que vemos brotar nos rostos das pessoas que encontramos em nosso caminho, conforme aquilo que transmitimos aos seus corações. Assim, todos os rostos do mundo são como espelhos... prontos para refletir o que temos a oferecer.
Daí é preciso refletir sobre a nossa atuação diante de nós mesmos. Que tipo de reflexo você tem percebido nos rostos das pessoas que você tem encontrado pela vida? Tem-se feito de raios de sol, água e adubo para contribuir com a colheita ou prefere fazer o papel daquele famoso tomatinho podre (o azedo)?
Sempre é tempo de mudanças! Assim diz o sábio: A bem-aventurança está dentro de você, mas você está imaginando que ela está fora. O que está fora é apenas o reflexo, a reação e a ressonância do que está dentro de você.
O bom mesmo é ser alegre e procurar não azedar ninguém. 

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